PRESERVAR O PATRIMÔNIO É PRESERVAR NOSSA PRÓPRIA IDENTIDADE

"Reside nos vastos Palácios da Memória (...) inúmeros tesouros trazidos pela percepção". As confissões de Santo Agostinho

A Preservação do Patrimônio considera não somente os valores artísticos e históricos-documentais, todos os bens são testemunhos significativos da ação humana e suportes da memória coletiva da sociedade.

As leis e Órgãos de patrimônio somente cuidam dos bens protegidos por lei, atos administrativos ou decisão judicial. Os bens culturais são bens móveis e imóveis no qual a sociedade agrega seus próprios valores através de “três necessidades básicas humanas”: MEMÓRIA, REFERÊNCIA E FRUIÇÃO.

Se um simples objeto é definido “como tudo que se oferece aos nossos sentidos e à nossa alma” (fonte: dicionário Michaelis on line), um Edifício ou um Monumento, desde a sua concepção e durante seu tempo de existência, carrega e acumula valores, emoções, lembranças e sentimentos de um único indivíduo ou de grupo social.


sexta-feira, 19 de março de 2010

Ruy Ohtake causa polêmica ao descartar projeto paisagístico de Burle Marx para São Paulo

15/Março/2010
http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/ruy-ohtake-causa-polemica-ao-descartar-projeto-paisagistico-de-burle-164149-1.asp

Coordenado pelo arquiteto, novo parque Várzeas do Tietê não terá mais projeto criado em 1974 por um dos paisagistas mais renomados do Brasil

Ana Paula Rocha
O projeto paisagístico criado por Roberto Burle Marx em 1974 para a várzea do rio Tietê, em São Paulo, não será mais utilizado pelo Governo do Estado. A implantação do Parque Linear Várzeas do Tietê, com 75 km de extensão, foi anunciado em 2009, depois de 35 anos da criação do projeto original, como forma de compensação ambiental das obras da nova Marginal. Esse descarte tem causado polêmica entre especialistas do setor.
Parque Linear da Várzea do Tietê terá 33 núcleos com áreas de lazer, esportes e educação ambiental
Para o arquiteto Ruy Ohtake, coordenador do projeto do Parque Linear Várzeas do Tietê, a nova realidade da região não permite que o projeto de Burle Marx, morto em 1994, seja adaptado. "O projeto de Burle Marx para o Parque não está inadequado. O que se alterou foram as margens do rio, completamente mudadas com a enorme ocupação de moradias por populações carentes nestes últimos 30 anos, formando extensões de favelas que chegam a mais de quinze quilômetros", explica.
O atual diretor do escritório Burle Marx, Haruyoshi Ono, defende que haveria possibilidade de o projeto ser aproveitado, caso houvesse interesse. Segundo ele, o escritório não estava nem mesmo sabendo da exclusão do trabalho. "É claro que um projeto realizado há mais de trinta anos precisaria ser atualizado e adequado às circunstâncias atuais. Mas acredito que a concepção original poderia ser mantida, que é a valorização das áreas naturais e da vegetação nativa", acredita Ono. "Se na época o projeto tivesse sido realizado, grande parte da população que hoje habita essas áreas de várzea, que originalmente deveriam estar livres para facilitar o escoamento das águas pluviais, não precisaria ser removida em decorrência das enchentes que hoje acontecem nesses locais", ressalta.
Parque passará por São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis
O projeto de Burle Marx para a várzea do Tietê tinha como objetivo inicial despoluir os rios Tietê e Pinheiros, além de valorizar a flora nativa, principalmente a das zonas ribeirinhas e a das matas ciliares, criando parques, equipamentos esportivos, recreativos e culturais, áreas verdes em suas marginais e zonas de proteção ambiental. O projeto previa também um enorme viveiro de plantas para serem utilizadas no Parque e em outras áreas públicas da cidade de São Paulo.
De acordo com o arquiteto Olair de Camillo, convidado por Ohtake para desenvolver o paisagismo do parque, o novo projeto para a várzea do Tietê seguirá as mesmas premissas de Burle Marx, com exceção de pequenas mudanças. "A diferença parte principalmente da questão contextual, que hoje está bem diferente do ponto de vista urbanístico e paisagístico da época. Com a ocupação ilegal ampliada, a área tornou-se mais impermeável, há mais esgoto, mais devastação. Isso sem contar que a condição pluviométrica mudou, rodovias foram criadas no entorno etc", conta.
Segundo de Camillo, o novo projeto tenta resgatar justamente essas áreas ocupadas, transformá-las para o uso público e de conservação e recuperar as margens do Rio Tietê. "Haverá uma nova ocupação através da vegetação, recompondo a mata ciliar e um pouco da vegetação nativa", disse o arquiteto. Os espaços reconquistados das margens do rio vão abrigar espaços para lazer, cultura e esportes.
O arquiteto trabalha na concepção do projeto há cerca de seis meses. O projeto paisagístico e arquitetônico foi encomendado pelo Governo de São Paulo a Ruy Ohtake por R$ 5,2 milhões.
Parque Várzeas do Tietê
Projeto paisagístico vai preservar e aumentar área verde e permeável da Várzea do Tietê
O Parque Várzeas do Tietê, anunciado pelo Governo de São Paulo como o maior parque linear do mundo, terá 75 km de extensão e 107 km² de área, atendendo à população dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis. Ao todo, serão 33 núcleos de lazer, cultura e esporte, 230 km de ciclovia e Via Parque (com acesso de carro aos núcleos), 77 campos de futebol e 129 quadras poliesportivas.
O parque será implantado em três etapas. A primeira etapa será feita em 25 km de extensão às margens do rio Tietê, da barragem da Penha até a divisa com o município de Itaquaquecetuba, contemplando os municípios de São Paulo e Guarulhos. A conclusão dessa etapa está prevista para 2012. Já a segunda fase, com 11,3 km, abrange a várzea do rio em Itaquaquecetuba, Poá e Suzano, com previsão de término em 2014. A última etapa, por fim, contempla um trecho de 38,7 km, que vai de Suzano até a nascente do Tietê, em Salesópolis. A previsão é de que fique pronta em 2016.

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